terça-feira, 13 de dezembro de 2011

19 Anos

Há 19 anos, 13 de dezembro de 1992, uma decisão que mudou totalmente minha vida!
Que decisão foi essa? E se foi benéfico ou não? Deixa-me explicar...

Sabe quando você tem que tomar uma decisão, sob pressão e com o tempo comprometido?
O coração estava pulsando acima do normal, a tensão tomava conta da minha alma, porém a dúvida tinha que ser tirada!
Nunca gostei da dúvida, não concordo que seja o preço da pureza e sempre gosto de ter certeza.
Sabendo que teria uma ‘última’ oportunidade, passei um bom tempo planejando como chegar e como falar... palavras ensaiadas, escolhidas... tudo em vão!
Então quase no fim da festa de sua despedida, num último momento e com a ajudada de alguns amigos fiz a oportunidade acontecer!
Porém sua resposta à pergunta que me intrigava, fez com que meu discurso e toda sequência cuidadosamente planejada por mim, fosse por água abaixo!
Alguns segundos sem saber o que fazer e o que falar, no improviso continuei a conversa e para minha felicidade consegui expressar meus sentimentos e esses foram correspondidos!

Respondendo a segunda pergunta: SIM, foi benéfico pra mim!
Procurei uma forma para não deixar esse dia passar sem uma homenagem especial para minha querida (PC)!
Tentei lembrar alguma música, foram tantas, e ainda aparecem outras!
Algum momento especial a ser mencionado, também foram muitos!
Também foram diversas cartas, cartões, flores, presentes, recados...
Fotos então... Milhares!
Por esse motivo resolvi fazer este post, com muita emoção, alegria e gratidão para expressar os meus sentimentos.
Tivemos dias ótimos e especiais juntos, outros turbulentos, alguns distantes um do outro, porém sempre com amor conseguimos passar todas essas fazes!

Amor é eterno e perfeito!
Paixão é uma chama, loucura, prazer... mas volátil.
Sem paixão não se tem uma relação tão intensa e íntima,
Sem amor não se renova a paixão...
Por isso digo que te amo e estou apaixonado novamente por você!

Pois é há 19 anos atrás eu tinha 19 anos...
Portanto metade da minha vida pertence a ti Alice, minha eterna namorada!

Forever, Altemir (SV)...


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Drink Bianco com Vodka e Tônica


Drink Bianco - Foto: Alice
Misture na coqueteleira com movimentos circulares os itens abaixo por alguns segundos até a bebida gelar:

3 pedras de gelo
2 doses de Martini Bianco
1 dose de Vodka

Coloque num copo

E então acrescente:
3 doses de Tônica

Pronto, aprecie com moderação!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dia cinza

Dia cinza: Altemir

Coração apertado 
Ansiedade a flor da pele 
Sem tempestade 
Sem granizo
Sem chuva forte 
Sem sol e céu azul 
Uma aparente calmaria 
Um tanto frio e úmido
Fico imaginando quando o clima vai melhor 
A umidade e a chuva fina me abandonarem 
Tenho em mente a esperança do Grande Dia 
Onde o verde vai contornar o lago
O riacho terá suas águas cristalinas
As ondas lamberão a areia branquinha 
As pedras adornarão o caminho 
O sofrimento será coisa do passado 
A dor e a morte não existirão 
O amor e a amizade serão plenos e verdadeiros 
A vida será eterna e feliz! 
Enquanto Ele não chega 
Hoje é mais um dia cinza!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sentido

Sentido: Altemir

Muita palavra

pra pouco sentido


Muito sentido

Pra pouca frase


Muita frase

pra pouco leitor


Muito leitor

pra pouca ação


Muita ação

pra pouco motivo


Muito motivo

pra pouca solução


Muita solução

pra pouco assunto


Muito assunto

pra pouca escolha


Muita escolha

pra pouco problema


Muito problema

pra pouca esperança


Muita esperança

pra pouco tempo


Muito tempo

pra pouca pessoa


Muita pessoa

pra pouca palavra


Muita palavra

pra pouco sentido

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Boa Noite!

Noite - Foto: Alice


Noite fria

Noite incerta


Noite menina
Noite incrível

Noite insônia


Noite minha
Noite linda

Noite alegre


Noite amiga
Noite louca

Noite amável


Noite sua
Noite adentro

Noite quente


Noite mulher
Noite bela

Noite calma


Noite nossa
Boa Noite!

domingo, 30 de outubro de 2011

Prenda Minha



Obra tão bela da criação
Presente perfeito
Conquistaste meu coração.
Linda gauchinha!




Nos olhos o verde do campo
Voz meiga, pele macia.
No teu corpo me encanto
Noite adentro em tua companhia!


Mãos finas, braço forte,
Sorriso puro e agradável.
Espécime de belo porte
Frágil e tão amável!




Curvas que se cruzam
Retas que se encontram
És bela, um talento
És sincera, meu complemento!


Campeira, operosa
Delicada e bondosa
Conquista-me a cada dia.
Te amo guria!




Na tua simplicidade
Foste a primeira, sim, a única
Para toda eternidade
Esposa da minha mocidade!


Imensa é a alegria!
Do coração do Rio Grande
És de Santa Maria.
És Prenda Minha!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Tempo

Para tudo há um tempo determinado, sim,
há um tempo para todo assunto debaixo dos céus:
tempo para nascer e tempo para morrer;
tempo para plantar e tempo para desarraigar o que se plantou;
tempo para matar e tempo para curar;
tempo para derrocar e tempo para construir;
tempo para chorar e tempo para rir;
tempo para lamentar e tempo para saltitar;
tempo para lançar fora pedras e tempo para reunir pedras;
tempo para abraçar e tempo para manter-se longe dos abraços;
tempo para procurar e tempo para dar por perdido;
tempo para guardar e tempo para lançar fora;
tempo para rasgar e tempo para costurar;
tempo para ficar quieto e tempo para falar;
tempo para amar e tempo para odiar;
tempo para guerra e tempo para paz.
Que vantagem tem o realizador naquilo em que trabalha arduamente?

Estas palavras foram
inspiradas por Deus,
E registradas em
Eclesiastes 3:1-9
Pelo sábio rei Salomão!
Muito verdadeiras!

Em vista disso,
surge a seguinte pergunta:

“Como estou utilizando
o meu tempo?”

Sei que o tempo
que passou não volta mais.
Perdi muito tempo
num esforço para alcançar o vento, tudo vaidade!
Muito se passou
e tantas coisas
se perderam,
mas, ainda há tempo!
Temos muito tempo!
Porém chegou o tempo de priorizar as coisas corretas!

E, o primeiro lugar em meu tempo deve estar com quem me deu a vida
e tudo que me torna feliz: Jeová, o único Deus verdadeiro!
Eis o tempo de a Deus servir!
Ele me ensinou a Verdade.
Ele me deu o Conhecimento que conduz a Vida Eterna.
Ele me presenteou com uma esposa linda e companheira: Alice Elaine!
Em consequência desse amor surgiram três dádivas: Libni, Joshua e Thierry!
E é a eles, família, que meu tempo merece destaque!

A conclusão do assunto,
tudo tendo
sido ouvido, é:

Teme o verdadeiro Deus
e guarda os seus mandamentos. 

Pois esta é toda

a obrigação do homem. 

Pois o próprio

verdadeiro Deus
levará toda sorte
de trabalho
a julgamento
com relação
a toda coisa oculta,
quanto a se é
bom ou mau.

(Eclesiastes 12:13,14)



domingo, 24 de julho de 2011

Agradecimento e Súplica


Por anos passei te procurando...
Você sempre ali na minha frente e eu não notava!
Mesmo antes de conhecer já te esperava!
Sei que ficou aguardando minha iniciativa,
pois queria saber quão intenso era meu desejo em te conhecer!

Então, quando eu passava por um momento de profunda tristeza,
solidão e confusão mental, te apresentou a mim.
Parecia-me tão familiar!

Lua se pondo: Altemir
Ouviu-me atentamente...
Por horas falei...
contei meu passado...
minha vida...
meus problemas...
minhas perspectivas..
desabafei...
chorei...

Passou a me dar conselhos...
Tuas palavras
consolaram-me...
confortaram-me...
Deram-me esperança...
Tranquilidade...
Sabedoria!

Inclinei meus ouvidos e passei a te escutar.
Entre as muitas coisas que aprendi contigo estão o Amor, Amizade, Bondade, Paz, Alegria.
Você é a Pessoa mais inteligente, sábia e justa que já conheci!

Passei a sorrir novamente.
A Verdadeira Felicidade, enfim, descobri o que realmente era!

Porém, os anos foram passando e meu amor e confiança em ti esfriaram!
Como pode ter acontecido?
Passei a não te procurar mais com frequência...
Isolei-me!

Quanto mal fiz a ti, e ainda, quanto isso me custou...
Afastei-me do que realmente me dava alegria...
Em fim, voltei ao mundo de solidão, escuridão mental, egoísmo.
Perdi a paz... Entrei em depressão profunda!
Como pude permitir isso?

E você novamente ali só me observando!
Sempre que podia me dava um toque para voltar.
Na sua benignidade me fez entender quanto te fiz sofrer!
Mais ainda... quanto dependo de ti.

Estou sofrendo muito, quase morrendo!
Reconheço quanto falhei e as conseqüências de meus atos!
Sei que é uma pessoa amorosa, bondosa, paciente, perdoadora, vagarosa em irar-se!
Realmente digna de toda Honra e Glória!

Como pude ter feito isso com a Pessoa mais importante da minha vida?!
Eis-me aqui! Dai-me deveras a vida novamente!
Sei que não sou merecedor...
contudo agradeço por me aceitar novamente e suplico:
Perdoa-me!!

sábado, 2 de julho de 2011

Homem não chora

Pois é, sou do tipo que não lê e-mail com mensagens melosas,
quebro todas as correntes que tentam me mandar,
sem paciência para arquivos pps e ppt,
e como diria uma amiga...
daqueles fortões, com a opinião que homem não chora!


Dia cinza, 02/07/2011: Altemir


Certo dia, numa semana cinza e chuvosa de julho de 2005,
num momento de ‘fragilidade emocional’, afinal ninguém é perfeito,
enquanto tentava distrair um pouco a mente,
afim de consolar-me pela partida prematura de meu velho,
resolvi ler alguns daqueles e-mails enviados à lixeira!


Ao começar a leitura do texto “A caderneta vermelha
algo estranho aconteceu comigo!


A cada linha, um aperto no peito,
sentimentos outrora apagados pelo tempo.
Uma olhada para o lado... ninguém olhando...
e a leitura continua!


Enquanto a leitura seguia a mente voltava no tempo
e o chamado ‘filme da vida’ passava!
Tanta coisa poderia ter sido diferente,
em fim, passado não se muda!


De repente um líquido estranho escorre pelo rosto!
O que é isso?
Lágrimas?!
Que sentimentos são esses?
Então comecei a chorar compulsivamente,
de uma maneira que jamais havia acontecido!
Foi a leitura mais lenta e triste da minha vida!
Ainda hoje quando leio esse texto os olhos me traem.

Minutos de reflexão:
Dor, saudade, arrependimento, frustração, impotência
e a esperança (João 5:28,29) em poder falar olhando
diretamente nos seus olhos após um longo abraço:
“TE AMO MEU PAI”!!!


Nova olhada para o lado, ninguém viu, que bom!!
Respirei fundo, sequei as lágrimas...


Afinal homem não chora!


Avelino Francisco de Oliveira: 20/04/1951 a 02/07/2005

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A caderneta vermelha

O carteiro estendeu o telegrama:


José Roberto não agradeceu e enquanto abria o envelope, uma profunda ruga sulcou-lhe a testa. Uma expressão mais de surpresa do que de dor tomou-lhe conta do rosto.


Palavras breves e incisas: Seu pai faleceu. Enterro 18horas. Mamãe.


José Roberto continuou parado, olhando para o vazio.
Nenhuma lágrima lhe veio aos olhos, nenhum aperto no coração.
Nada!
Era como se houvesse morrido um estranho.
Por que nada sentia pela morte do velho?


Com um turbilhão de pensamentos confundindo-o,
avisou a esposa, tomou o ônibus e se foi,
vencendo os silenciosos quilômetros de estrada enquanto a cabeça girava a mil.


No íntimo, não queria ir ao funeral e,
se estava indo era apenas para que a mãe não ficasse mais amargurada.
Ela sabia que pai e filho não se davam bem.


A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva de acusações,
José Roberto havia feito as malas e partido prometendo nunca mais botar os pés naquela casa.


Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo Natal, Ano Novo ou Páscoa...
Ele havia se desligado da família não pensava no pai e a última coisa que desejava na vida era ser parecido com ele.


O velório:
Poucas pessoas. 
A mãe está lá, pálida, gelada, chorosa.
Quando reviu o filho, as lágrimas correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio. 
Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelho - como as que o pai gostava de cultivar.
José Roberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia. 
Era como estar diante de um desconhecido, um estranho, um...


O funeral:
O sabiá cantando, o sol se pondo e logo tudo terminou. 
José ficou em casa com a mãe até a noite, beijou-a e prometeu que voltaria trazendo netos e esposa para conhecê-la. 
Agora, ele poderia voltar à casa, porque aquele que não o amava, não estava mais lá para dar-lhe conselhos ácidos nem para criticá-lo.


Despedida:
Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão
- Há mais tempo você poderia ter recebido isto - disse.
- Mas, infelizmente só depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes...
Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar a viagem,
meteu a mão no bolso e sentiu o presente.
O foco mortiço da luz do bagageiro, revelou uma pequena caderneta de capa vermelha. 
Abriu-a curioso.


Páginas amareladas:
Na primeira, no alto, reconheceu a caligrafia firme do pai:
Foto: Alice Elaine
Nasceu hoje o José Roberto.
Quase quatro quilos!
O meu primeiro filho, um garotão!
Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha continuação na Terra!”.
À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estomago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado ressurgiram firmes e atrevidas como se acabassem de acontecer!
Hoje, meu filho foi para escola.
Está um homenzinho!
Quando eu o vi de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria.
A vida dele será diferente da minha, que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar meu pai.
Mas para meu filho desejo o melhor.
Não permitirei que a vida o castigue”.
Outra página:
Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele merece porque é estudioso e esforçado.
Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras”.
José Roberto mordeu os lábios.
Lembrava-se da sua intolerância, das brigas feitas para ganhar a sonhada bicicleta.
Se todos os amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua?
E quando, no dia do aniversário, a havia recebido,
tinha corrido aos braços da mãe sem sequer olhar para o pai.
Ora, o “velho” vivia mal-humorado, queixando-se do cansaço,
tinha os olhos sempre vermelhos...
e José Roberto detestava aqueles olhos injetados sem jamais haver suspeitado que eram de trabalhar até a meia-noite para pagar a bicicleta... !
Hoje fui obrigado a levantar a mão contra meu filho!
Preferia que ela tivesse sido cortada, mas fui preciso tentar chamá-lo á razão, José Roberto anda em más companhias, tem vergonha da pobreza dos pais, e se não disciplinar, amanhã será um marginal.
É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por isso; entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem.
Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é o único modo que sei de ensiná-lo”.
José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma bebedeira,
tinha ido para a cadeia.
Naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos...
Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore... Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o cemitério.


As páginas se sucediam com ora curtas, ora longas anotações,
cheias das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura, o pai o havia amado.


O “velho” escrevia de madrugada.


Momento da solidão, num grito de silêncio, porque era desse jeito que ele era,
ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir suas dores,
o mundo esperava que fosse durão para que não o julgassem nem fraco e nem covarde.


E, no entanto, agora José Roberto estava tendo a prova que,
debaixo daquela fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.


A última página. Aquela do dia em que ele havia partido:
Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? 
Por que sou considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de bem?
Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre.
Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser o pai que ele merecia ter.
Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a ideia de que o pai tinha morrido naquele momento.


Noite fria e úmida, 01/07/2011: Altemir




Reflexão:
José Roberto fechou depressa a caderneta, o peito doía.
O coração parecia haver crescido tanto, que lutava para escapar pela boca.
Nem viu o ônibus entrar na rodoviária,
levantou aflito e saiu quase correndo porque precisava de ar puro para respirar!


A aurora rompia no céu e mais um dia começava.
Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranquilos!” (Efésios 6:2,3)
- certa vez ele tinha ouvido essa frase e jamais havia refletido na profundidade que ela continha.
Em sua egocêntrica cegueira de adolescente,
jamais havia parado para pensar em verdades mais profundas.


Para ele, os pais eram descartáveis e sem valor como as embalagens que são atiradas ao lixo.
Afinal, naqueles dias de pouca reflexão tudo era juventude,
saúde, beleza, música, cor, alegria, despreocupação, vaidade.


Não era ele um semideus?


Agora, porém, o tempo o havia envelhecido,
fatigado e também tornado pai aquele falso herói.


De repente:
No jogo da vida, ele era o pai e seus atuais contestadores.
Como não havia pensado nisso antes?


Certamente por não ter tempo, pois andava muito ocupado com os negócios,
a luta pela sobrevivência, a sede de passar fins de semana longe da cidade grande,
a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar dialogar com os filhos.


Ele jamais tivera a ideia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha
pala anotar uma a frase sobre seus herdeiros,
jamais lhe havia passado pela cabeça escrever que tinha orgulho
daqueles que continuam o seu nome.
Justamente ele, que se considerava o mais completo pai da Terra?


Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade.
Quis gritar,
erguer procurando agarrar o velho para sacudi-lo e abraçá-lo,
encontrou apenas o vazio.


Havia uma raquítica rosa vermelha num galho no jardim de uma casa,
o sol acabava de nascer.
Então, José Roberto acariciou as pétalas
e lembrou-se da mãozona do pai podando,
adubando e cuidando com amor.
Por que nunca tinha percebido tudo aquilo antes?


Uma lágrima brotou como o orvalho,
e erguendo os olhos para o céu dourado,
de repente, sorriu e
desabafou-se numa confissão aliviadora:


Se Deus me mandasse escolher, eu juro que não queria ter tido outro pai que não fosse você velho! Obrigado por tanto amor, e me perdoe por haver sido tão cego.”


(Fonte: Luiz Carlos Moratelli)